segunda-feira, 24 de junho de 2013


Edição do dia 23/06/2013
23/06/2013 08h15 - Atualizado em 23/06/2013 08h15

Raiz de ipeca tem alto valor devido a suas propriedades medicinais

Exploração predatória proibida está acabando com os estoques naturais.
Embrapa desenvolve tecnologia para clonar mudas em escala comercial.

Do Globo Rural

A psychotria ipecacuanha é popularmente chamada de poaia, ipecacuanha ou simplesmente: ipeca. Uma plantinha pequena, rasteira e preciosa.

Nativa das regiões sombrias e úmidas das florestas tropicais da América, ela é da mesma família do café. No Brasil já foi encontrada nos estados de Mato Grosso, Rondônia, Pará, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco e Bahia.
De acordo com o agrônomo Osmar Lameira, em boa parte desses lugares, ela não existe mais. Ele é pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, uma das poucas instituições que estudam a planta no Brasil. Em sua sede, que fica em Belém, no Pará, exemplares de ipeca de todas as partes do país são conservados desde 1991.

A ipeca é uma planta medicinal, suas raízes contêm alcalóides importantes e valorizados no mercado internacional. Um deles - a emetina - é muito usado na fabricação de xaropes expectorantes, vermífugos e outros medicamentos. Mas não se deve fazer uso doméstico dessa planta, ela serve mesmo para indústria farmacêutica.

Extrativismo
O valor comercial dela não é nas folhas, é na raiz. Há uma demanda de raiz no mercado, mas infelizmente o cultivo racional no nosso país, se houver, é insignificante, e pouco se conhece sobre ele, então a forma de comércio dessa planta ainda é pelo extrativismo. Arrancando a raiz, o extrativista impede que a ipeca se regenere. Essa exploração predatória - proibida por lei - está acabando com os estoques naturais.

Por isso, desde 1989 a Embrapa mantém um banco de germoplasma, com plantas coletadas em mais de 70 localidades diferentes. A ideia é fazer com que as diferenças genéticas dessa espécie não se percam.

Cultivo
Pesquisadores trabalham desenvolvendo e aprimorando técnicas de cultivo para tornar o extrativismo menos atraente. A Embrapa já desenvolveu tecnologia para produzir mudas clonadas de ipeca em escala comercial. No laboratório, de um pedacinho do caule eles conseguem fazer até dez mil mudas por ano - idênticas à planta mãe.

Uma muda clonada produz em média dez raízes por planta. O dobro do que se encontra na natureza. A única dificuldade é que para produzi-las precisa de um laboratório ou de uma biofábrica com profissionais capacitados.
O agricultor também pode produzir ele mesmo suas mudas na propriedade, como explica o agrônomo Osmar Lameira no vídeo.

O cultivo da ipeca é muito parecido com o das hortaliças. As mudas são plantadas em canteiros e recebem apenas adubação orgânica: esterco de curral curtido. O agricultor deve irrigar os canteiros somente nos períodos mais secos do ano. As únicas condições que a ipeca não suporta são: frio intenso e sol pleno:

As raízes da ipeca atingem seu ponto de colheita aos dois. Um hectare rende em média três toneladas de raiz a cada dois anos. Muito mais do que na natureza. Sem contar que as plantas selecionadas têm um teor de emetina maior e valem mais por isso. O produtor ainda contribui para a recuperação dos estoques naturais da ipeca.

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