quinta-feira, 2 de maio de 2013


02/05/2013 13h08 - Atualizado em 02/05/2013 13h08

'Aonde eu vou, Nhá Chica vai comigo', diz devoto Paulo Coelho

Leiga e analfabeta, Venerável de Baependi será beatificada dia 4 de maio.
Escritor considera que beata abriu o caminho para os livros que escreveu.

Samantha Silva / Jéssica Balbino Do G1 Sul de Minas
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paulo coelho nhá chica (Foto: G1)Em entrevista via internet, Paulo Coelho mostra imagem de Nhá Chica, de quem é devoto  (Foto: G1)
Ela sempre me comove muito, me ensinou muito, por fazer sempre o que achava correto."
Paulo Coelho, escritor
“Meu sentimento é de muita felicidade”, diz o escritor Paulo Coelho sobre a beatificação de Nhá Chica, que será neste sábado (4) em Baependi (MG). O escritor é devoto da beata há mais de 30 anos e considera que ela abriu o caminho para sua carreira. Hoje, acompanha a beatificação de perto. “Há pelo menos dois anos eu tenho estado em contato com uma amiga minha, que tem envolvimento direto com o processo, e tenho torcido muito para que isso aconteça”, afirmou em entrevista ao G1.
Para o escritor, o mais importante do processo de beatificação é a conquista da santidade de Nhá Chica, que segundo ele, foi marcada por lutas e milagres. “Eu tenho muita admiração pela Nhá Chica, que era um exemplo de humildade e vontade, que seguia a própria intuição e fazia o que queria. Podemos dizer que era uma pessoa de decisão. Ela sempre me comove muito, me ensinou muito, por fazer sempre o que achava correto”, enfatizou.
Cronologia Nhá Chica (Foto: Editoria de Arte/G1)
Paulo Coelho, que já dedicou um livro à beata, não impõe limites na hora de demonstrar sua fidelidade. Como forma de reconhecimento, ele colabora, mensalmente, com a Associação Beneficente Nhá Chica, além de ter acompanhado de perto cada passo dessa história. “É uma forma de agradecer”, afirma ele. À "Mãe dos Pobres" de Baependi, Paulo Coelho devota o caminho que o tornou escritor.
'Se algum dia eu conseguir'
No fim dos anos 1970,  Paulo Coelho,  então executivo de uma gravadora em pleno movimento hippie, foi convidado pela irmã dele para ser padrinho do filho dela. Ela disse ao irmão que havia feito uma promessa para Nhá Chica e que queria batizá-la em Baependi. “Não sabia onde era Baependi, e nunca tinha ouvido falar de Nhá Chica”, relembra o escritor.
No site do escritor ele conta que, em 1978, as famílias se encontraram na pequena cidade para acompanhar a cerimônia. “Eu vinha de um período muito turbulento em minha vida, e já não acreditava mais em Deus. Tinha abandonado meus sonhos loucos da juventude -- entre os quais, ser escritor -- e não pretendia voltar a ter ilusões”, disse ele, em depoimento de  1998, quando revelou sua devoção a Nhá Chica. No site, o  escritor conta que, à espera do batismo, começou a circular pelo santuário e foi visitar a casinha da beata.
Ao entrar na casa, de frente para o altar onde estavam imagens de santos e duas rosas vermelhas e uma branca, ele fez um pedido: se, algum dia, ele conseguisse ser o escritor que queria ser e já não queria mais, voltaria no lugar quando tivesse 50 anos, e levaria duas rosas vermelhas e uma branca.
Segundo ele, apenas como souvenir do batizado, antes de ir embora Paulo Coelho comprou um retrato de Nhá Chica. Na estrada, voltando para o Rio de Janeiro (RJ), um acidente acontece à frente dos carros dele e do cunhado. Os dois conseguiram desviar, mas o carro que seguia atrás se envolve na batida e muitas pessoas morreram. “Estacionamos na beira da estrada, sem saber o que fazer. Eu procuro no bolso um cigarro, e vem o retrato de Nhá Chica. Silencioso em sua mensagem de proteção”, lembra ele.
Anos depois, Paulo Coelho, o escritor, retornou para cumprir sua promessa. “Nunca me esqueci das três rosas”, disse ele. E duas flores vermelhas e uma branca foram deixadas no altar.
Maktub
Durante a entrevista ao G1, Paulo Coelho faz questão de mostrar a imagem plastificada de Nhá Chica (veja no vídeo abaixo).
 "Eu sinto a presença dela diariamente e a imagem sempre me acompanha. Eu tenho uma na mesa de trabalho, uma na carteira, enfim, aonde eu vou, Nhá Chica vai comigo”, contou, ao comentar também que sempre reza para a Venerável. “Eu oro para ela todas as noites”.
Ao ser questionado se pretende escrever sobre Nhá Chica, o escritor responde com a mesma devoção de sempre: 'É ela que escreve todos os dias um livro no meu coração', finaliza Paulo Coelho.

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