quarta-feira, 20 de março de 2013



Provas de Concursos e do Vestibular
 
(03/Mar) Professor de Filosofia - Prefeitura Municipal de Porto Ferreira - SP - RBO - 2012
 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA DISCIPLINA

31) O Método Dedutivo nasce com René Descartes e progressivamente vai sendo utilizado por todos os campos do saber. Embora sua definição seja aparentemente fácil, equívocos podem ser cometidos em sua conceituação. Das características ou definições do Método Dedutivo, a partir de Descartes, marque somente a incorreta:
a) Método dedutivo é a modalidade de raciocínio lógico que faz uso da dedução para obter uma conclusão a respeito de determinada premissa.
b) É um método que utiliza variações do pensamento para fazer afirmações supostamente verdadeiras dentro de um contexto, tópico, assunto ou colocação.
c) É um método que parte do geral para o particular para descobrir verdades não explicitadas.
d) Em certo sentido, o método dedutivo segue um caminho inverso ao do método indutivo.

32) Observe atentamente algumas afirmações sobre o Idealismo Kantiano.
I. Suas ideias são uma confluência, não uma negação do Racionalismo e do Iluminismo.
II. Todos nós trazemos formas (em nós mesmos) e conceitos a priori (aqueles que não vêm da experiência) e, com eles ou através deles trabalhamos nossa experiência concreta do mundo.
III. Nossos sentidos são limitados, e nossos conceitos também o são, mas isso não nos impede de avançar em busca do conhecimento e da verdade.
IV. Os juízos sintéticos a priori são possíveis porque há uma faculdade da razão - o entendimento - que nos fornece categorias a priori - como causa e efeito - que nos permitem emitir juízos sobre o mundo.
Com relação às afirmações anteriores sobre o Idealismo Kantiano podemos dizer:
a) I, II e III são falsas.
b) Apenas II, III e IV são verdadeiras.
c) I e II são verdadeiras e III e IV são falsas.
d) I, II, III e IV são verdadeiras.

33) Para o psicólogo estadunidense Lawrence Kholberg, o raciocínio pós-convencional é o mais alto nível na teoria do desenvolvimento moral. Neste nível, a moralidade é completamente internalizada e não é baseada nos padrões dos outros. O indivíduo reconhece cursos de alternativa moral, explora as opções e decide por um código moral pessoal. Assim como ilustrações desse raciocínio, o exemplo que melhor se encaixa é:
a) Participar de reuniões e eventos nos quais se defende a causa do meio ambiente.
b) Ao receber um troco a mais no ônibus, devolver - e só não fazê-lo caso o cobrador seja mal educado ? pois ele necessita ser ensinado a tratar bem as pessoas.
c) Fazer doações a uma Instituição Social e nunca contar a ninguém.
d) Só ultrapassar a velocidade máxima permitida quando a necessidade assim o exigir e não houver fiscalização (radar ou policiais) - assim resolve-se o problema e não haverá punição (multa).

34) Várias explicações podem ser dadas, à luz da Filosofia Política, às ideias apresentadas na obra O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, exceto:
a) Razões de Estado são complexas e a arte de governar não é simples.
b) O chefe político deve ser sempre indiferente ao bem e ao mal causados pelo seu governo.
c) Não é sábio ao líder seguir incondicionalmente as normas de conduta.
d) A relação entre moral e política deve ser pesada em termos globais visando as Razões de Estado.

35) Embora tenham atuado no mesmo campo (filosofia da Ciência) Thomas Khun discorda de Karl Popper quanto à possibilidade de uma teoria ser falsificada por fatos científicos. Por outro lado, Khun faz uma dura crítica à ciência, ao afirmar que a forma de ver ou interpretar os fatos e fenômenos é moldada por particularidades, modelos e contextos de cada época e isso, ainda que dê conforto e segurança, impede a mente (inclusive dos cientistas) de analisar o conhecimento a partir de outras perspectivas. A visão filosófica apresentada por Thomas Khun é chamada de:
a) Teoria dos Paradigmas.
b) Teoria da Falsificação.
c) Teoria do Conhecimento.
d) Teoria da Ruptura Epistemológica.

36) Através da cultura de massa, o homem é subordinado ao progresso da técnica e esta o destrói, fragmenta-o em sua subjetividade para dar lugar à razão instrumental, ou seja, a razão é reduzida à instrumentalidade. A partir dessa análise, Theodor Adorno e Max Horkheimer utilizaram pela primeira vez o termo "indústria cultural".
Relaciona-se à ideia de indústria cultural:
I. Cultura de massa e cultura popular.
II. A criticidade e aceitação dos valores emancipatórios divulgados pelos meios de comunicação de massa.
III. Cultura humana colocada a serviço da manipulação das consciências.
IV. Manipulação ideológica com o objetivo de seduzir os espectadores em vários níveis psicológicos.
Com relação à ideia de indústria cultural a partir de Adorno e Horkheimer, pode-se afirmar que está(ão) incorreta(s):
a) as assertivas II e IV.
b) as assertivas I e III.
c) apenas a assertiva II.
d) apenas a assertiva I.

37) Para John Dewey (1859-1952), à ciência é dado conhecer tudo o que podemos conhecer, enquanto à filosofia é dado pensar tudo o que o conhecimento adquirido pela ciência exige de nós. Isto mostra claramente porque para Dewey havia uma continuidade entre experiência e:
a) Natureza.
b) Fé.
c) Dever.
d) Sofrimento.

38) Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) foi um dos mais importantes pensadores europeus de todos os tempos. Seu pensamento educacional é estabelecido sobre alguns fundamentos:
I. Um dos pressupostos básicos de Rousseau com respeito à educação era a crença na bondade natural do homem.
II. Para Rousseau, a responsabilidade pela origem do mal no homem é atribuída à civilização (sociedade).
III. Na Obra O Emílio, Rousseau explica que, se o desenvolvimento adequado é estimulado, a bondade natural do indivíduo pode ser protegida da influência corruptora da sociedade.
IV. Consequentemente, os objetivos da educação, para Rousseau, comportam dois aspectos: a) a formação do homem político e moral e, b) seu afastamento da sociedade.
Conforme as afirmativas acima sobre o pensamento educacional de Rousseau, podemos dizer que:
a) Somente a afirmativa IV está incorreta.
b) Somente a afirmativa III está incorreta.
c) Todas as afirmativas estão incorretas.
d) Todas as afirmativas estão corretas.

39) O estoicismo, que desde o seu início propôs ao homem submeter sua conduta a uma razão correta, mesmo que isso lhe trouxesse sofrimento e dor, tem um histórico de seguidores que desde a antiguidade exaltam as virtudes dessa proposta filosófica. Das afirmativas abaixo sobre essa linha filosófica, apenas uma é falsa. Assinale-a:
a) A felicidade é entendida como estabilidade e segurança.
b) O homem deve viver de acordo com a lei racional da natureza e sentir-se indiferente em relação a tudo que é externo ao ser.
c) Defender e exaltar a ética e a virtude pela virtude - fazer o bem porque isso é bom e resulta em coisas melhores.
d) Defender a busca incansável do prazer de realizar coisas boas e desfrutá-las.

Leia o texto para responder às questões de números 40 e 41.
"A caverna (...) é o mundo sensível onde vivemos. O fogo que projeta as sombras na parede é um reflexo da luz verdadeira (do Bem e das ideias) sobre o mundo sensível. Somos os prisioneiros. As sombras são as coisas sensíveis, que tomamos pelas verdadeiras, e as imagens ou sombras dessas sombras, criadas por artefatos fabricadores de ilusões. Os grilhões são nossos preconceitos, nossa confiança em nossos sentidos, nossas paixões e opiniões. O instrumento que quebra os grilhões e permite a escalada do muro é a dialética. O prisioneiro curioso que escapa é o filósofo. A luz que ele vê é a luz plena do ser, isto é, o Bem, que ilumina o mundo inteligível como o Sol ilumina o mundo sensível. O retorno à caverna para convidar os outros a sair dela é o diálogo filosófico, e as maneiras desajeitadas e insólitas do filósofo são compreensíveis, pois quem contemplou a unidade da verdade já não sabe lidar habilmente com a multiplicidade das opiniões nem mover-se com engenho no interior das aparências e ilusões. Os anos despendidos na criação do instrumento para sair da caverna são o esforço da alma para libertar-se. Conhecer é, pois, um ato de libertação e de iluminação. A Paideia filosófica é uma conversão da alma voltando-se do sensível para o inteligível. Essa educação não ensina coisas nem nos dá a visão, mas ensina a ver, orienta o olhar, pois a alma, por sua natureza, possui em si mesma a capacidade para ver." [Marilena Chauí]

40) De acordo com o texto, pode-se afirmar que:
a) O conhecimento filosófico é o único que pressupõe o acesso ao mundo sensível.
b) Filosofar é um instrumento de alienação para quem sai da caverna.
c) O filósofo, por sua busca, tem uma visão mais abrangente do conhecimento.
d) A unidade da verdade não permite divagações metafísicas.

41) Ainda sobre o texto, pode-se afirmar que:
a) O processo de esclarecimento por meio da filosofia pressupõe a iluminação das coisas sensíveis pelos fabricadores de ilusões.
b) A Paideia filosófica é um processo de dissolução de preconceitos e de ideias ligadas ao senso comum.
c) A alegoria da caverna não se adequa às realidades contemporâneas.
d) Convidar as pessoas para saírem da caverna é um contrassenso, pois somente o filósofo pode sair da caverna.

42) "Quando Walter Benjamim se matou, aos 48 anos, em setembro de 1940, fugindo da polícia francesa do regime de Vichy (pró-Hitler) e barrado na fronteira com a Espanha pela política franquista, vivia exilado e desempregado em Paris. Sem jamais ter conseguido um posto de professor na universidade, mantinha-se como crítico literário, com um pequeno auxílio do Instituto de Pesquisa Social, embrião da escola de Frankfurt.
Havia publicado poucos livros, alguns artigos, várias resenhas, mas as portas se fechavam cada vez mais para ele em razão de sua origem judaica alemã. Era conhecido num pequeno círculo de amigos, em sua maioria escritores que fugiram do nazismo: Brecht, Adorno, Scholem, e, em Paris, também Bataille e Klossovski.
Quando, em compensação, Benjamin caiu em domínio público, 70 anos mais tarde, sua fama não cessava de crescer. Por mais justificado que seja, tal fenômeno deve nos deixar desconfiados. Teria Benjamin se transformado em mais um "bem cultural", um "Kulturgut", isto é, uma mercadoria cultural, cujo valor de fetiche ele não se cansou de denunciar?"
[GAGNEBIN, Jeanne Marie. Uma epidemia de traduções. Folha de São Paulo, 07 de outubro de 2012, p.06 - Caderno Ilustríssima]
Assinale a alternativa que apresenta uma das principais ideias desenvolvidas por Benjamin:
a) Na modernidade, a transformação na maneira de produzir mercadorias cria um indivíduo possuidor de visão de mundo fragmentada.
b) Na modernidade, a reprodutibilidade técnica abole progressivamente a aura de unicidade e de autenticidade da obra de arte.
c) Na modernidade, o fortalecimento das organizações da sociedade civil transforma os intelectuais nos principais agentes da revolução social.
d) Na modernidade, com o avanço tecnológico, a mais valia absoluta perde o seu potencial de explicação crítica para a exploração estrutural do sistema capitalista.

43) Diferente de Platão, Aristóteles julga o mundo das coisas sensíveis como:
a) um mundo real e verdadeiro cuja essência é, justamente, a multiplicidade de seres e a mudança incessante.
b) uma simples cópia do mundo superior que almeja à perfeição através de um movimento catártico.
c) um mundo imperfeito que só será superado por meio da busca da sabedoria que se encontra dentro de todo ser.
d) um mundo das sombras, marcado por ilusões e manipulações desenvolvidas pela camadas abastadas.

44) Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) estudou na Universidade de Teologia de Tübingen, Alemanha, num período marcado pela repercussão da Revolução Francesa e um balanço crítico das ideias iluministas. Uma das principais formulações de Hegel é:
a) A razão é inata.
b) A razão é fruto de experiências.
c) A razão é histórica.
d) A razão é existencial.

45) "Os problemas criados pela divergência entre inatistas e empiristas foram resolvidos em dois momentos: o primeiro é anterior à filosofia de David Hume e encontra-se na filosofia de Leibniz; o segundo é posterior à filosofia de Hume e encontra-se na filosofia de Kant."
[CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1999, p.75]
Na tentativa de superar a divergência entre inatistas e empiristas, Leibniz estabeleceu a distinção entre:
a) Mundo sensível e mundo ideal.
b) Moral do senhor e moral do escravo.
c) Ser e ter.
d) Verdade de razão e verdades de fato.

46) "A filósofa Hannah Arendt (1906-1975), como correspondente do jornal New Yorker, esteve em Jerusalém em 1961 para assistir ao julgamento do carrasco alemão Eichmann, que durante o período nazista encaminhava os procedimentos para o extermínio de judeus. Em 1963, ela publicou Eichmann em Jerusalém, um relato sobre a banalidade do mal, livro polêmico em que analisa a figura do homem comum e portanto nada demoníaca do acusado de tantas mortes."
[ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Editora Moderna, 2003, p.290]
Esse livro insere-se na tentativa da autora de compreender a ascensão dos regimes políticos autoritários. Uma das condições para a formação dos regimes nazifascistas segundo Arendt é o aparecimento do(a):
a) Indústria cultural.
b) Fordismo-taylorismo.
c) Consumismo exacerbado.
d) Homem-massa.

47) Autor que afirma que a verdade não se encontra separada do poder. Na realidade, diz que é o poder que gera o saber. Por isso, propõe o processo genealógico pelo qual busca descobrir como a verdade tem sido produzida no âmbito das relações de poder. Esse autor seria:
a) Jean-Paul Sartre.
b) Michel Foucault.
c) Georg Hegel.
d) Nancy Fraser.

48) O pensador alemão Jürgen Habermas notabilizou-se por:
a) Defender a noção básica de intencionalidade, isto é, visa algo fora de si. Contrariando os racionalistas do século XVII - não há pura consciência separada do mundo, toda consciência é consciência de alguma coisa; e os empiristas - não há objeto em si, já que o objetivo é sempre para um sujeito que lhe dá significado.
b) Valorizar um sentimentalismo, em um ambiente sobremaneira racionalista. Entusiasmado com as suas descobertas intelectuais, a forma como expõe suas ideias revela a carga emocional decorrente de uma sensibilidade exacerbada.
c) Criticar a filosofia de tradição moderna por ser fundada em uma reflexão solitária, centrada no sujeito. Em oposição, propõe outro paradigma em que a razão não seja monológica, mas dialógica, como resultado do processo de entendimento intersubjetivo.
d) Desenvolve uma nova antropologia, segundo a qual não existe natureza humana idêntica em todo tempo e lugar. Como o existir decorre do agir, o indivíduo se autoproduz à medida que transforma a natureza pelo trabalho.

49) "A teoria geocêntrica encontra-se nas obras de Aristóteles, posteriormente completadas por Ptolomeu (séc. II). Essa concepção, que perdura durante toda a Antiguidade e Idade Média, descreve um Universo finito, esférico, hierarquizado. O geocentrismo é de certa forma confirmado pelo senso comum: percebemos que a Terra é imóvel e que o Sol gira à sua volta. No próprio texto bíblico lê-se uma passagem em que Deus fez parar o Sol para que o povo eleito continuasse a luta enquanto ainda houvesse luz, o que sugere o Sol em movimento e a Terra fixa."
[ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Editora Moderna, 2003, p.180]
A revolução na maneira de pensar que abalará as bases do geocentrismo foi:
a) A Revolução Francesa.
b) A Revolução Copernicana.
c) A Revolução Francesa.
d) A Revolução do Século das Luzes.

50) Sobre o método científico, a sequência do procedimento padrão é:
a) Comprovação, levantamento de dados e análises quantitativa e qualitativa.
b) Problematização, elaboração do tema, hipótese e metodologia de análise.
c) Tese, antítese e síntese.
d) Observação, hipótese, experimentação e generalização.

GABARITO:
31B
32D
33C
34B
35A
36C
37A
38D
39D
40C
41B
42B
43A
44C
45D
46D
47B
48C
49B
50D

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