Dentes decíduos:
Orientações aos pais
A promoção da saúde, até recentemente
considerada como um serviço médico é hoje reconhecida como uma atividade
social, sinônimo de qualidade de vida que deve ser fomentada e
facilitada não apenas pelas ações dos profissionais da saúde, mas pelas
estratégias das instituições governamentais e pelas atividades da
comunidade e das pessoas (OMS, 1997).
Atualmente, a Odontologia como todas as
Ciências da saúde, está voltada para a educação, a promoção e a
prevenção, sendo esta filosofia de fundamental importância,
principalmente em se tratando de crianças.
A cárie dentária e a doença periodontal que são
os principais problemas odontológicos, frequentemente, começam na
infância e suas seqüelas podem ser devastadoras física, emocional e
socialmente. Embora severas, essas doenças podem ser facilmente
prevenidas pela adoção de hábitos adequados de alimentação e de higiene
bucal, mas o sucesso dessas ações depende da participação ativa dos
pais, das crianças e dos profissionais da saúde.
Ciente de que a promoção de saúde depende da
participação da população bem informada e, que a maioria dos pais
desconhece que as crianças na primeira infância também podem desenvolver
severos problemas bucais, pretendo, neste ensaio, oferecer aos leitores
algumas orientações necessárias para a manutenção da saúde e prevenção
dessas doenças nas crianças.
Os dentes decíduos começam sua formação por
volta da sexta semana de vida embrionária e, a partir do sexto mês de
vida extra-uterina, inicia-se o processo de erupção dentária, sendo os
incisivos inferiores os primeiros dentes a irromperem. Seguem a
seqüência de erupção, os incisivos centrais e laterais superiores com um
intervalo aproximado de dois meses.
Os primeiros molares superiores e inferiores
aparecem aos 15 e 16 meses de vida respectivamente, aos 17 meses
irrompem os caninos e aos 18 meses erupcionam os segundos molares
inferiores seguidos pelos segundos molares superiores, aos 24 meses.
Desta forma, aos trinta meses de vida, o processo de erupção da dentição
decídua estará completo e as crianças terão 20 dentes na boca, isto é,
oito incisivos, quatro caninos e oito molares (Figura 1).
Figura 1 – Cronologia de erupção dos dentes deciduos
Fonte: McDONALD, R. E.; AVERY, D. R. Odontopediatria. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
Como o processo de formação e erupção dentaria é
complexo e começa na vida embrionária, medidas de prevenção devem ser
instituídas mesmo antes do nascimento do bebê. Durante a gestação, os
pais devem ser instruídos e incluídos em um programa de Odontologia
preventiva que enfatize a importância de adquirir bons hábitos de
alimentação e de higiene bucal e como esses hábitos favorecerão a saúde
bucal de seus filhos.
Durante a amamentação, recomenda-se aos pais
higienizar a cavidade bucal do bebê assim que irromper o primeiro dente,
utilizando para tanto, dedeiras especiais, escovas dentárias para bebês
ou então, gaze umedecida. Em muitas crianças, a erupção dos dentes
decíduos é precedida pelo aumento da salivação e irritabilidade durante o
dia. Nesta época, a criança pode intensificar o hábito de chupar o dedo
ou de friccionar a gengiva, perder o apetite ou apresentar alterações
gengivais.
Com a erupção de mais dentes, os pais devem
passar a fazer uso da escova dental para higienizar a cavidade bucal de
seus filhos, após as refeições, começando em uma área determinada da
boca e prosseguindo de forma ordenada até remover e desorganizar a placa
bacteriana. Se os dentes adjacentes estiverem em contato, indica-se o
uso do fio dental nessas áreas, sempre motivando as crianças a
participarem deste processo.
Embora as crianças desenvolvam a habilidade
motora necessária para utilizar a escova dental, é indispensável que os
pais supervisem esta atividade e assumam a responsabilidade de escovar e
usar o fio dental nos dentes de seus filhos. À medida que a criança
adquire destreza manual, essa responsabilidade pode ser transferida para
os filhos, mas enquanto o cirurgião-dentista não observe esta
habilidade na criança, essa tarefa deverá ser executada por um adulto.
O profissional deve instruir aos pais sobre os
métodos de escovação dentária, sobre as técnicas para o uso do fio
dental e sobre o uso do flúor e dos agentes reveladores de placa
bacteriana. Desta forma, quando a criança tentar a remoção da placa, os
pais podem promover a aprendizagem pelo uso de substâncias reveladoras,
mostrando à criança as áreas em que é preciso melhorar a higiene bucal.
Conforme foi exposto, a manutenção da saúde e a
prevenção da cárie e da doença periodontal dependem da participação
ativa dos profissionais da saúde e do grupo familiar “...certamente está
nas mãos dos pais prevenir a cárie nas crianças: a experiência ensinará
a sua utilidade, o hábito tornar-se-á natural e os pais sentir-se-ão
enormemente recompensados, apesar de todo o trabalho” (SANOUDOS;
CHRISTEN, 1999).
Contudo, o sucesso destes programas de
prevenção está intimamente relacionado à atitude da equipe odontológica
que propicia um ambiente agradável tanto para as crianças quanto para os
pais e demonstra interesse e respeito pela autonomia e individualidade
do grupo familiar.
Leia Mais: DENTES DE LEITE ORIENTAÇÃO AOS PAIS - ABC da Saúde http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?3029#ixzz2N2os4GwG
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