Leia, a seguir, o parágrafo inicial do artigo “Falamos a
língua de Cabral?”, publicado na revista Superinteressante
(abr. 2000, p. 46).
Se é
que Cabral gritou alguma coisa quando avistou os contornos do Monte Pascoal,
certamente
não foi “terra ã vishta”, assim com o “a” abafado e o “s” chiado que
associamos
ao sotaque português. No século XVI, nossos primos lusos não engoliam vogais nem
chiavam nas consoantes – essas modas surgiram no século XVII. Cabral teria
berrado um “a” bem pronunciado e dito “vista” com o “s” sibilante igual ao dos
paulistas de hoje. Na verdade, nós, brasileiros, mantivemos os sons que viraram
arcaísmos empoeirados para os portugueses.
01 - De
acordo com o texto, é correto afirmar que
(A) foi outra frase – e não “terra à vista” – que Cabral
gritou ao avistar os contornos do Monte Pascoal.
(B) a pronúncia dos brasileiros de hoje encontra-se mais
próxima da dos portugueses da época do descobrimento do que a dos lusitanos
modernos.
(C) o “a” abafado e o “s” chiado do sotaque português
atual remontam às origens do idioma, no século XVI.
(D) ao contrário da língua falada em Portugal, o
português do Brasil não evoluiu, conservando-se arcaico.
(E) ainda há sérias dúvidas sobre a pronúncia efetiva da
frase “terra à vista” no século XVI.
02 - Na
frase Cabral teria berrado um “a” bem
pronunciado e dito “vista” com o “s” sibilante...(linhas 4-5), o uso de teria (berrado/dito), em lugar de berrou ou disse, justifica- se por se tratar de
(A) um fato meramente ilustrativo.
(B) uma fórmula de polidez.
(C) uma certeza.
(D) uma ação completa e acabada.
(E) uma hipótese.
03 - Uma
das funções das aspas é destacar o caráter pouco apropriado de uma palavra ou
expressão no contexto em que aparece. Reconheça, entre as opções apresentadas abaixo,
aquela em que essa função se manifesta.
(A) Cabral teria berrado um “a” bem pronunciado e dito
“vista” com o “s” sibilante igual ao dos paulistas de hoje. (Superinteressante, abr. 2000, p. 46.)
(B) O livro faz uma abordagem do Poder Legislativo, que
a autora denomina de “jogo
parlamentar”, mostrando como é a vida parlamentar na
prática. (Correio do Estado, 8/5/01,
p. 7b.)
(C) “Sinaleira”, obviamente, era sinal, semáforo. “Auto”
era automóvel, carro. Mas “pechar” o que era? Bater, claro. (L.F. Veríssimo. Nova Escola, maio 2001, p. 35.)
(D) Recentemente o ETA passou a exigir contribuição de
profissionais liberais e
microempresários, que são coagidos por milícias de
jovens (...) a dar contribuições
“voluntárias” de 1000 a 2000 dólares. (Veja, 16/5/01, p. 76.)
(E) Som eletrônico reativa “happy hour” no centro. Bares
e restaurantes apostam no bate-estaca como a melhor saída para atrair clientes
no horário do “rush”. (O Globo,
27/5/01. Cad. 1, p. 16.)
O texto que segue
foi extraído de uma matéria sobre o projeto Genoma Humano (Enciclopédia Barsa - Livro do Ano, 2001, p. 261). Leia-o com
atenção.
A
genética humana é apenas um segmento da genética clássica e molecular, cujo
início é
freqüentemente
atribuído ao trabalho do monge austríaco Gregor Mendel, em meados do
século
XIX. Mendel estudou a ervilha-de-cheiro explorando em termos quantitativos a
transmissão
hereditária de certos caracteres, como a altura da planta, a cor da semente e
sua textura, de uma geração para outra.
Embora
Mendel não conhecesse os modernos conceitos de gene e cromossomo, deduziu
de
suas observações que cada planta carrega um par de unidades de informação
hereditária .
Deduziu
também que, em certos casos, uma dessas unidades domina a outra e que ambas se
transmitem, como entidades físicas, dos pais para a descendência, pela
reprodução. Na
atualidade,
cada uma dessas unidades de informação chama-se gene.
As
principais conclusões dos estudos de Mendel, conhecidas como “leis de Mendel”,
representaram
uma virada radical do pensamento hegemônico da época. (...) Sabe-se
atualmente
que as leis de Mendel têm muitas exceções e que, de fato, representam apenas um
subconjunto de todo o processo de herança genética. Ainda assim, tanto nas
ervilhas quantonos seres humanos, elas ainda explicam o padrão e a freqüência
da transmissão de grande número de caracteres genéticos, incluindo muitas
doenças humanas comuns, como a fibrose cística e a anemia falciforme.
04 - Marque
a alternativa correta, de acordo com o texto.
(A) A genética humana originou-se em meados do século
XIX, com base nos trabalhos do monge austríaco Gregor Mendel.
(B) As descobertas de Mendel revolucionaram o pensamento
hegemônico da época porque lhe permitiram estabelecer os conceitos de gene e
cromossomo.
(C) As limitações atribuídas atualmente às chamadas
“leis de Mendel” não chegam a invalidar completamente sua aplicação no âmbito
da genética.
(D) Estudando a ervilha-de-cheiro, Mendel conseguiu
estabelecer uma relação clara entre a
transmissão de caracteres genéticos e o aparecimento de
doenças humanas, como a fibrose
cística e a anemia falciforme.
(E) A genética humana e a genética molecular ou clássica
são consideradas teorias independentes, mas complementares.
05 - Considerando
o período abaixo, assinale a opção em que as relações de sentido entre as
orações mantêm-se inalteradas.
É
importante levar em conta que a expressão “genoma humano” pode ser enganadora,
já
que
não existe uma seqüência genética que seja o modelo único de todas as demais.
(Enciclopédia
Barsa - Livro do Ano, 2001, p. 263.)
(A) Embora não exista uma seqüência genética que seja o
modelo único de todas as demais, é importante levar em conta que a expressão
“genoma humano” pode ser enganadora.
(B) Além de não existir uma seqüência genética que seja
modelo único de todas as demais, é importante levar em conta que a expressão
“genoma humano” pode ser enganadora.
(C) É importante levar em conta que a expressão “genoma
humano” pode ser tão enganadora que não existe uma seqüência genética que seja
o modelo único de todas as demais.
(D) Uma vez que não existe uma seqüência genética que
seja modelo único de todas as demais, é importante levar em conta que a
expressão “genoma humano” pode ser enganadora.
(E) Enquanto não existir uma seqüência genética que seja
o modelo único de todas as demais, é importante levar em conta que a expressão
“genoma humano” pode ser enganadora.
06 - Determinados
adjetivos mudam de sentido conforme sejam colocados antes ou depois do
substantivo a que se referem. É o caso da dupla grande homem/homem grande, em que o adjetivo anteposto tem valor
subjetivo e o adjetivo posposto, valor objetivo.
Considere os seguintes pares de frases:
I. Um belo dia,
ele retornou à sua casa como se nada tivesse acontecido.
Fazia um dia belo
quando partimos em direção às montanhas de Minas.
II. José nada mais é do que um simples motorista do Congresso.
Um motorista simples
mereceu, ontem, a atenção da mídia.
III. Pedro é, sem dúvida, um brilhante aluno.
Um aluno brilhante
não precisa estudar muito para ser aprovado.
IV. Aquela foi a única
oportunidade que tive de conseguir um bom emprego.
Fazer aquela viagem foi uma oportunidade única na minha vida.
V. Antônio demonstrou ser um ousado rapaz diante do perigo.
Um rapaz ousado pode
surpreender as pessoas.
Nos pares acima, não
há diferença de sentido em relação à posição diferenciada do adjetivo
(A) apenas em III.
(B) apenas em III e V.
(C) apenas em V.
(D) apenas em I e II.
(E) apenas em IV.
O texto, a seguir, faz parte de uma entrevista dada por
Marilena Chauí à revista CULT (jun.
2000, p. 54). No trecho em questão, a pensadora aborda a relação do intelectual
com o poder.
Marilena
Chauí: (...) a vida
intelectual é uma experiência de autonomia – autonomia na
lógica
do tempo e autonomia na lógica das idéias. E é por causa disso que o
intelectual é
capaz
de se comprometer politicamente. Isto é, no sentido de fazer política – e não
do poder –
o
lugar privilegiado de exercício de sua ação a partir do seu tempo de reflexão e
da lógica de suas idéias. E por isso eu costumo dizer que, quando um
intelectual está no poder, a
expressão
“intelectual no poder” é um oxímoro, é uma contradição nos termos. Um
intelectual
não pode estar no poder, porque a lógica do poder e a lógica da vida
intelectual
são
antagônicas, se excluem reciprocamente. Toda a questão, portanto, é saber por
que os
intelectuais
podem ter fascínio sobre o poder, desejo de poder, ambição de poder. O que é
diferente
do compromisso político que o intelectual possa ter.
07 - Considerando
o ponto de vista da pensadora brasileira, indique a alternativa verdadeira.
(A) O intelectual não consegue engajar-se politicamente
porque a política o impede de exercer sua autonomia de idéias e sua própria
lógica do tempo.
(B) Os intelectuais, em geral, sentem fascínio pelo
poder, pois não se contentam apenas em
exercer seus direitos políticos como cidadãos.
(C) A instância do poder é o lugar privilegiado para que
o intelectual possa exercer sua ação, fundamentada no seu tempo de reflexão e
na lógica de suas idéias.
(D) Ser intelectual e ocupar o poder, ao mesmo tempo,
são idéias que não se compatibilizam, pois são movidas por princípios
diferentes.
(E) O intelectual é um ser apolítico por natureza,
embora possa, eventualmente, ocupar cargos públicos.
08 - No
trecho da entrevista que você acabou de ler, Marilena Chauí refere-se a oxímoro. Trata-se de um procedimento de
construção textual que consiste em agrupar figuras ou temas de significados
contrários ou contraditórios numa mesma unidade de sentido (cf. Platão &
Fiorin, 1997). Levandoem conta essa definição, assinale o item em que aparece
um oxímoro.
(A) Achava o céu
sempre lindo,
Adormecia
sorrindo
E
despertava a cantar! (Casimiro de Abreu)
(B) Quem um dia
irá dizer
que
não existe razão
nas
coisas feitas pelo coração. (Renato Russo)
(C) Ele era um
camponês
que
andava preso em liberdade pela cidade. (Fernando Pessoa)
(D) Não ouvi mais
vozes nem risos
Apenas
balões
Passavam
errantes
Silenciosamente.
(Manuel Bandeira)
(E) Ai, como essa
moça é distraída
Sabe
lá se está vestida
Ou se
dorme transparente. (Francis Hime & Chico Buarque)
09 - O
texto a seguir foi divulgado na capa do jornal Porantim (n. 225, maio/2000) e apresenta uma crítica, sob a ótica
dos povos indígenas, acerca da comemoração oficial dos “500 anos do descobrimento
Brasil”, realizada no Estado da Bahia em 22 de abril de 2000.
Enquanto
FHC e os policiais militares da Bahia proibiam a cidade de
Porto
Seguro aos povos indígenas, estes escreviam, em Santa Cruz
Cabrália,
ali perto, na Conferência Indígena 2000, o mais importante
capítulo
de sua história: a virada para os “Outros 500”.
Sobre esse assunto, é correto afirmar que:
(A) o protesto dos povos indígenas durante a comemoração
oficial dos “500 anos do
descobrimento do Brasil” é prova irrefutável de que a
História escrita pelos historiadores está pronta e acabada em definitivo, não
podendo ser revista à luz de novos acontecimentos,
interesses de minorias e avanços científicos.
(B) povos indígenas de várias regiões do país
protestaram contra a comemoração oficial dos “500 anos do descobrimento do
Brasil” por entenderem, também, que estas terras não foram descobertas, mas sim
invadidas e conquistadas pelos portugueses e outros povos de além-mar.
(C) a comemoração oficial dos “500 anos do descobrimento
do Brasil” é exemplo de que na
história as vozes dos vencidos sempre soam mais alto do
que a dos vencedores.
(D) faz parte da própria natureza do indígena selvagem
ser arredio a qualquer tipo de festividade promovida pelo homem branco
civilizado, motivo que explica o episódio ocorrido na Bahia em 22 de abril de
2000.
(E) a conquista portuguesa do atual território
brasileiro não foi marcada por ações de violência contra os índios, fato este
que, somado ao ritmo acelerado da demarcação de terras indígenas no país, não
justifica o protesto registrado por ocasião das festividades comemorativas
aos“500 anos do descobrimento do Brasil”.
Gabarito
1B
2D 6 B
3E 7 E
4 A 8 A
5 E 9 B
gostaria de saber um pouco mais sobre a questão 7. Teria como explicar o por que da resposta?
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